Empresas investem em frota própria para fugir do frete tabelado

Embora ainda esteja em discussão no Congresso Nacional, a tabela de preços mínimos de fretes rodoviários já provoca um movimento de aumento de frotas próprias de caminhões, especialmente em agroindústrias. Segundo reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico, empresas como a Cargill, a Coamo e a JBS se movimentam para encomendar novos modelos já para a próxima safra.

Segundo estimativas das empresas, os valores de frete em longas distância para cargas a granel, como soja e milho, subirão de 30% a 50% aos valores que vinham sendo praticados. A Cargill é veementemente contra o tabelamento e estuda investir em frota própria para a próxima safra.

“Com o tabelamento, indústrias e exportadores terão que repensar a forma como irão operar no Brasil”, disse, em comunicado, Paulo Sousa, diretor de grãos e processamento da companhia para a América Latina.

O projeto da Coamo é ainda mais avançado: o grupo comprou 152 novos caminhões para renovar parte de sua frota de 280 veículos, mas decidiu incorpora-los, sem vender os mais antigos, até que se resolva a questão do tabelamento de fretes.

A frota própria, composta basicamente por bitrens de sete eixos, responde por 15% da movimentação total de cargas a granel do grupo, que também opera frota com transportadores e eventualmente recorrem a fretes no mercado spot.

Segundo Airton Galinari, superintendente de logística e operações da Coamo, os últimos valores apresentados pelo governo para os fretes chegam a representar aumentos de 80% a 100% em relação aos custos da frota própria — que normalmente opera em curtas distâncias, nas rotas que chegam às cerca de 60 lojas de insumos, peças e maquinários da cooperativa no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul — e de 50$ na comparação com os custos da “frota dedicada” de 600 caminhões.

A JBS, por sua vez, adquiriu 360 caminhões, segundo apurou o Estadão, e deverá ampliar as compras caso os fretes determinados atualmente não sejam revistos. Fontes do setor de agronegócio consultadas pelo jornal afirmaram que é difícil encontrar produtores ou empresas do setor que não estejam avaliando contar com transporte próprio para amenizar a alta dos fretes.

O aluguel de caminhões tem sido a solução de curto prazo, já que há dificuldade em obter veículos novos. “A entrega é só para fevereiro do ano que vem”, disse o diretor executivo do Movimento Pró Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja), Edeon Vaz Ferreira.

Com caminhões e motoristas próprios, as empresas tentam escapar dos preços mínimos do frete fixados pelo governo que, em alguns casos, chegam a 100%. “Instalou-se um grau de insegurança jurídica muito grande e essa foi a forma que as empresas encontraram para continuar operando”, diz Vaz.

Fonte: Valor Econômico e Estadão

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