Prévia da confiança industrial de dezembro sinaliza queda, diz FGV

    A prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de dezembro, que mostrou queda de 2,9 pontos em dezembro ante o indicador fechado de novembro, para 84,1 pontos, sinaliza trajetória consistente de piora no humor do empresariado para os próximos meses, segundo análise da pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV), Tabi Thuler, coordenadora da Sondagem da Indústria, pesquisa do qual o ICI é indicador síntese.

    Na análise da técnica, até o resultado preliminar de dezembro, a confiança da indústria se mantinha mais em “trajetória de acomodação”, visto que quedas e altas no indicador eram intercaladas. Agora, com o aprofundamento do recuo indicado na prévia de dezembro, o sentimento do setor parece ter mudado.

    Thuler disse que, mesmo com cenário desfavorável ao consumo, com indicadores de mercado de trabalho ruins, renda em queda, juros altos e crédito restrito, a confiança do empresariado ao longo do ano era impulsionada pela possibilidade de melhora futura – que elevava expectativas, com impacto positivo no ICI.

    “Ao longo de todo o segundo semestre, o que estávamos percebendo, é que a indústria estava esperando algo acontecer. Uma melhora significativa [na demanda]. Não houve. O que estamos vendo agora é uma possível mudança de tendência para queda [da confiança]”, afirmou. A pesquisadora alertou que, fora da sondagem industrial, nenhum índice relacionado à atividade macroeconômica mostra melhora. Pelo contrário: índices de atividade indústria, comércio e serviços mostraram deterioração, assim como indicadores de mercado de trabalho, no quarto trimestre.

    Outro aspecto preocupante sinalizado na prévia anunciada hoje, na avaliação da especialista, foi o resultado preliminar do Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci), de 72,8%. Caso seja confirmado no resultado fechado, a ser anunciado na próxima segunda-feira, será o menor nível da série histórica do indicador, iniciada em 1995, batendo recorde negativo anterior, referente a fevereiro deste ano (73,6%).

    Sem mencionar percentuais, Tabi acrescentou, também, que o cenário negativo no desempenho preliminar divulgado hoje foi “disseminado” em todas as grandes categorias pesquisadas pela fundação (bens de capital, bens de consumo não duráveis, bens duráveis e bens intermediários). Houve recuos em praticamente todos os segmentos, tanto no indicador de confiança quanto no Nuci, afirmou ela.

    “Acho que agora as coisas estão ficando piores, pelo que vemos nos indicadores recentes da economia. Creio que a prévia está acompanhando isso”, disse. “Não vejo nenhum resultado positivo nesta prévia de dezembro”, finalizou.

    Fonte: Valor Econômico

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