O conceito de Mundo Moderno é definido como um período claramente identificado com a Revolução Industrial e os avanços ou saltos de modernidade estão ligados a processos industriais que se refletem nos meios de produção e que vão desde os bens básicos de consumo até as questões culturais e artísticas.
Não se pode pensar em avanços dos meios de produção sem envolver o fator humano e associá-los a formas diversas de gestão da liderança, que se obrigou também a evoluir na mesma rapidez que novas tecnologias eram empregadas. A história registra, durante a evolução industrial, modelos de gestão para cada uma de suas fases, e que tiveram ao seu tempo sua utilidade e importância.
Vivemos novos tempos, repleto de desafios e oportunidades, onde o mercado de trabalho é de alta competitividade e exige novas posturas dos indivíduos e das organizações. Neste contexto é necessário buscar processos de desenvolvimento de pessoas que se adequem a esses tempos.
A proposta deste artigo é fazermos uma reflexão sobre a realidade atual deste mundo que passa por enormes transformações, tanto em nossas vidas pessoais, mas sobretudo no mercado de trabalho. A ideia central é tentar entender como se deu esta transformação, em que estágio estamos agora e as oportunidades e ameaças desta nova realidade.
Vivemos hoje a chamada era da Indústria e Liderança 4.0 onde não apenas novas tecnologias são requeridas no processo produtivo, mas também novas competências são fundamentais para os profissionais que terão como missão liderar pessoas buscando o atingimento de resultados dentro de um cenário mais humanizado com um modelo de gestão mais flexibilizado e com menos: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Para melhor compreensão do estágio que nos encontramos agora é importante lembrar que a Indústria 1.0 é do século XVIII e passamos, em ordem cronológica, por várias fases industriais até chegarmos nos dias de hoje na chamada Indústria 4.0. Os recursos e processos foram evoluindo, etapa por etapa, e os modelos de gestão acompanharam também estas mudanças. Aos poucos fomos saindo de modelos autocráticos e estamos cada vez mais nos aproximando de modelos de gestão flexíveis.
Este novo modelo de gestão flexibilizada irá definir o futuro do mercado de trabalho pois exigirá novas competências que no passado não eram tão importantes assim. Pesquisam indicam que num futuro muito próximo perto de 50 % dos empregos serão automatizados em função da grande transformação digital e das inovações tecnológicas, profissionais que atuam em um modelo de gestão flexibilizada terão que ter habilidades com foco na cooperação, na interação entre as partes e no seu autodesenvolvimento.
Minha experiência pessoal, como executivo em gestão de empresas no setor de logística e transportes, me dá clareza destas mudanças nos processos, os saltos que as empresas do setor estão dando em inovação tecnológica e transformação digital são evidentes e já demonstram uma mudança no perfil dos profissionais que são necessários para atender as tarefas. Tarefas antes manuais como roteirização de um veículo ou carregamento de um caminhão são substituídas hoje por algoritmos de rotas ou esteiras automatizadas, a inteiração humana e cada vez menor e as habilidades dos que coordenam estas tarefas são bem diferentes do que no passado.
Os modelos industriais e de liderança do passado perderam espaço por conta da globalização e da tecnologia da informação, o mundo que vivemos hoje não respeita mais modelos estáticos pois estas transformações trouxeram o que alguns teóricos chamam de Mundo Líquido, um mundo onde a fluidez e a transformação são constantes.
O mundo já não é mais como o conhecíamos, vivemos tempos de VUCA.
VUCA é um acrônimo que, traduzido para o português, significa: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, estaremos fadados a decidir sobre coisas que nunca vivemos nem experimentamos antes, que serão incertas, que mudarão do dia para noite e que terão alto nível de complexidade, e essas características de mundo irão requerer habilidades humanas específicas que em momentos anteriores não eram tão importantes para o mercado de trabalho. Habilidades como: resiliência, adaptação, perspectiva e iniciativa são requisitos básicos para buscar adaptabilidade a este novo mundo.
A base da Liderança 4.0 é a cooperação e o autodesenvolvimento, os novos gestores precisam estar preparados para isso pois do contrário o mercado de trabalho, muito rapidamente, lhe será hostil.
Jacinto Júnior é consultor na área de transportes e logística, com vasto conhecimento na área comercial e de marketing, além de passagens por empresas de porte e entidades de classe do setor.