ABC também vai restringir caminhões

A partir de dezembro, os municípios da região vão proibir trânsito de veículos pesados em 23 vias das 6h30 às 9h e das 16h às 20h

A partir de dezembro, os municípios da região vão proibir trânsito de veículos pesados em 23 vias das 6h30 às 9h e das 16h às 20h

A exemplo do que ocorreu na capital, as cidades do ABC paulista vão proibir a circulação de caminhões em 23 vias a partir do dia 21 de dezembro. A medida, decidida anteontem pelo Consórcio Intermunicipal do ABC (conselho que reúne as sete prefeituras da região), é uma tentativa de reduzir os congestionamentos nos três grandes eixos de interligação da região.

A restrição vale apenas nos horários de pico (que lá são das 6h30 às 9h e das 16h às 20h) e só afeta os caminhões. Veículos Urbanos de Carga (VUCs) terão trânsito livre, a exemplo do que ocorre em São Paulo. Por isso, segundo o Consórcio, a restrição não trará impacto significativo ao trânsito da capital.

O prefeito de Diadema, Mário Realli (PT), presidente do Consórcio, diz que a medida teve de ser tomada após a inauguração do Trecho Sul do Rodoanel e das restrições à circulação de caminhões em vias como a Avenida dos Bandeirantes, na capital. Essas mudanças inverteram o sentido do trânsito de veículos pesados dentro das cidades do ABC.

A multa para quem furar a restrição será de R$ 85,51 e renderá cinco pontos na carteira de habilitação. Será aplicada pelas prefeituras. Mas ainda não está claro se o caminhão será multado por toda cidade em que passar ou se será uma única multa por dia, como ocorre em São Paulo.

Assim como aconteceu quando as restrições tiveram início na capital, a medida já causa polêmicas. Para o assessor especial do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), Adauto Bentivegna Filho, a medida não via reduzir o trânsito. “As empresas trocam os caminhões por VUCs ou peruas e continuam a circular. Medidas como essa são eleitoreiras”, diz.

Transporte público. O prefeito de Diadema afirma que as prefeituras têm ciência de que a determinação, por si só, não é a solução definitiva para o trânsito. “É uma ação pontual.” Melhora, diz ele, só com mais investimentos em transporte coletivo. “Estamos buscando investimentos, especialmente do governo federal”, afirma, referindo-se à proposta da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos de construção de um monotrilho passando pelo ABC (obra que teria recursos federais). “Mas não quer dizer que, com o monotrilho, essas restrições vão terminar”, afirma Realli.

A pesquisa mais recente sobre mobilidade na Grande São Paulo, a Origem/Destino, feita pelo Metrô em 2007, apontou o ABC como a única área da Região Metropolitana em que a maioria dos moradores usa carro em vez de andar no transporte coletivo.

Integração. Vias como as Rodovias Anchieta e Imigrantes e a Avenida dos Estados (continuação da Avenida do Estado que serve como alternativa à Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo, na zona leste) não serão afetadas. O motivo, segundo o Consórcio, é que foi dada prioridade para as vias que fazem ligação local. Outra mudança é que, dentro de um mês, as companhias de tráfego locais passarão a conversar entre si para organizar o trânsito – o que nunca havia ocorrido,

Apesar do parque industrial existente na região, a expectativa das prefeituras – compartilhada pela Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – é de que a atividade industrial da região não será afetada. “Eles vão se adaptar”, diz Realli.

O rodízio municipal de veículos, outra medida da capital que já chegou a ser discutida no ABC no passado, não chegou a ser abordada na reunião que definiu as restrições aos caminhões. “Não é uma medida em estudo”, informa o Consórcio, em nota.

O Estado de S.Paulo

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