Iniciativa é estimulada pelo número de ocorrências que quase dobrou no país de 2011 a 2016, segundo a Firjan
Remédios e celulares estão abandonando estradas e viajando só de avião no Brasil. A escolha tem sido feita até para trajetos curtos, como São Paulo-Rio, em que por terra a carga chega no mesmo dia, relatam o diretor-geral da Latam Cargo Brasil, Diogo Elias, e o diretor de Cargas da Gol, Eduardo Calderon.
No aeroporto de Viracopos, segundo principal terminal de cargas do país, o valor dos itens transportados subiu 17% entre 2016 e 2017, e o volume, 11% – ou seja, cada metro cúbico foi ocupado por carga mais valiosa.
A concessionária BH Airport registrou em 2017 alta de aproximadamente 19% no volume de cargas domésticas.
O movimento é confirmado não só por empresas aéreas e aeroportos, mas também pelas transportadoras, que, antes, enviavam parte desses produtos por terra. O motivo é o roubo nas estradas, cujo número de ocorrências quase dobrou no país de 2011 a 2016, segundo a Federação das Indústrias do Rio (Firjan), para 22.547 em 2016.
O superintendente da empresa de transporte aéreo de carga Aeropress, Jacinto Souza Santos Júnior, relata outro efeito da insegurança: alta anual de mais de 30% no transporte de câmeras e outros equipamentos de vigilância (índice 50% maior do que o de outras cargas valiosas). O resultado final é mais custo para o consumidor, já que o frete aéreo é mais caro.
Enviar produtos valiosos por avião, porém, levanta o problema da segurança nos aeroportos. Viracopos inaugurou em 2016 uma caixa-forte construída em parceria com a Brinks, instalou portões de confinamento e dilaceradores de pneu.
Mas há limites para substituir caminhão por avião, diz Bruno Batista, diretor-executivo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), como a falta de aeroportos regionais. “Em algum momento, precisa do caminhão.”
Fonte: Valor econômico